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Belles Latinas 2011 - Adriana Lisboa

Par Fernanda Salomão Vilar : Lectrice - ENS de Lyon
Publié par Christine Bini le 04/01/2012

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Fernanda Vilar a rencontré Adriana Lisboa lors des Belles Latinas 2011, à Lyon. Nous proposons ici la vidéo de la rencontre, en brésilien.

L'auteure

Adriana Lisboa est née à Rio de Janeiro en 1970. Elle vit actuellement entre le Brésil et les États-Unis, après avoir séjourné en France et au Japon. Elle a étudié la musique et la littérature, a été flûtiste, chanteuse, professeur de musique. Elle se consacre aujourd'hui à l'écriture et à la traduction. Elle est l'auteur de plusieurs romans pour adultes et d'ouvrages pour la jeunesse. Adriana Lisboa est considérée comme l'une des figures montantes de la littérature brésilienne. Elle a vu ses oeuvres être traduites et publiées en France, en Suisse, en Italie, en Suède, aux États-Unis, au Mexique, au Japon et au Portugal. L'écrivaine a aussi participé à diverses anthologies au Brésil et à l'étranger.

Elle convoque tous les arts - sculpture, peinture et musique et se transforme en artiste de l'âme humaine. En utilisant métaphores et comparaisons, elle dresse le parcours de ces adultes trop ingénus pour affronter la réalité. Mêlant souvenirs, attentes et constats, elle révèle peu à peu leur caractère trop ambivalent. Son style se façonne entre oralité et récit, sans rupture, par opposition à son roman qui se construit et se déconstruit sans cesse. L'oeuvre revêt la forme d'un rubik's cube impossible à réaliser : complexe et obsessionnel.


Des roses rouge vif, Adriana Lisboa, roman traduit du portugais (Brésil) par Béatrice de Chavagnac éd. Métailié. Col. Brésilienne, 224 p. 17 euros.

Dans une fazenda isolée de l'État de Rio, près d'une carrière de pierres depuis laquelle on voit la maison abandonnée que hante le fantôme d'une femme assassinée, Clarice vit seule. Elle est sculpteur, elle attend sa soeur, Maria Inès, qui est médecin, mariée à un ami d'enfance à Rio. Dans un atelier près de la fazenda, Tomas peint des tableaux médiocres, lui aussi attend Maria Inès, qu'il a aimée il y a longtemps. Les deux soeurs ont été séparées quand l'aînée avait quinze ans, elles se sont revues à la mort de leur mère puis à celle de leur père. Chacune revoit sa vie et nous découvrons peu à peu leur profonde complicité, le noir passé qu'elles ont toujours occulté, le foulard orné de roses rouge vif qui a marqué leur enfance et qui les a projetées dans des vies qui leur sont étrangères.
(Source : dossier de présentation des Belles Latinas)

 

Entretien vidéo

 

Fernanda Vilar a rencontré Adriana Lisboa lors des Belles Latinas 2011, festival organisé à Lyon par Espaces Latinos. Nous proposons ici la vidéo de la rencontre, en brésilien.

https://video.ens-lyon.fr/eduscol-cdl/2011/2011-11-03_ESP_Lisboa.mp4

Nous remercions les éditions Métailié ainsi que l'équipe des Belles Latinas et Espacios Latinos

 

La entrevista

Adriana Lisboa é umas das autoras mais proeminentes do Brasil. Após ganhar o prêmio José Saramago em 2003 pelo seu livro Sinfonia em Branco a autora ganhou projeção internacional e teve sua obra traduzida em diversos países, dentre eles a França, que acaba de publicar esse mesmo romance, traduzido por Des roses rouge vif. Carioca nascida em plena ditadura militar, a escritora, que também é música, se inspirou na obra de vários autores para escrever seus livros, como uma espécie de homenagem. A inspiração musical é presente na polifonia entre passado e presene de sua escrita, onde a memória ocupa um papel fundamental. A autora esteve presente no festival literário Belles Latinas, oranizado na cidade de Lyon, entre os dias 3 e 14 de novembro. A entrevista foi feita logo após uma mas redonda sobre a literatura infanto-juvenil, área em que Adriana também exerce sua literatura. 

Em seu primeiro livro, Os fios da memória (1999), você escolhe narrar, pela família Brasil, detalhes de uma sociedade colonial. Esses personagens nos permitem ver uma dimensão do mundo de então escondida pelos grandes fatos da história. São nas fissuras do cotidiano que se desenha a história. O seu objetivo foi o de reconstruir uma parte da história do Brasil pelo retrato dessa família?

Foi exatamente. Meu primeiro livro tem um pouco de megalomania. Ao estilo de Cem anos de solidão, contar a história de uma família que traçasse um paralelo com a historia do Brasil dos últimos cem anos. Começou com uma historia familiar, com meus antepassados que trabalharam numa produção de café no estado do Rio, eu cresci vendo aquelas fazendas totalmente decadentes hoje em dia e que foram muito importantes na época, e isso entrou no livro e me pareceu um pouco óbvio dar o nome dessa família o de família Brasil, por causa desse paralelo evidente.

Não sei qual a sua relação com as literaturas em língua portuguesa. Mas Nação Crioula, de Agualusa, também retoma algumas cartas para recontar os detalhes de uma história escondida por fatos maiores. Como países colonizados, temos essa necessidade de entender algumas coisas. Vê-se que em Angola e em Moçambique os autores também lutam com a questão da memória, a necessidade de construí-la...

Eu acabei de publicar meu último romance que saiu no Brasil, que se chama  Azul corvo, é um romance que como trama paralela reconstrói um episódio que é pouco explorado e faz parte da história recente do Brasil que é a guerrilha do araguaia, a guerrilha comunista que foi para a selva, quando ainda era selva, no final dos anos 60 começo dos 70 e foram dizimados no meio da floresta. E foi um episódio de nossa historia que pouco se fala, é um evento que não é ensinado nas escolas, que ainda tem muita coisa escondida, oculta e muita coisa que ainda está proibida de ser divulgada, fazendo parte do arquivo secreto do exército brasileiro,  ela faz parte de uma trama paralela desse último romance.

Em 2001 você publica um de seus melhores romances, Sinfonia em branco, que acaba de ser traduzido para o francês pelas edições Metaillé. Vi que nos Estados Unidos você acompanhou a tradução do romance e eles suprimiram 15% do livro, dizendo que havia passagens dispensáveis. E a tradução ao francês, você pôde acompanhar?

Não, a tradução francesa eu não acompanhei e até teria gostado de acompanhar. Embora eu não tenha lido o livro inteiro em francês, as partes que eu li foram bem traduzida. Eu acho que há menos problemas entre o português e o francês pela proximidade da língua. O que acontece é que a tradução das línguas latinas para o inglês, e me parece que é caso também do alemão, às vezes não soa bem, parecemos um pouco exagerados, barrocos. Por isso vem aquele editor que intervém, o americano foi bem intervecionista, e no caso desse livro teve uns cortes um pouco dramáticos.  

O título em francês ganha o nome de um dos mais belos capítulos, Des roses rouge vif. Mas aí nós temos uma mudança de cor, do branco ao vermelho, cores que carregam uma forte simbologia. Você apoiou essa mudança do título ou sabe por que não mantiveram o título original?

O título original é muito importante, não apenas foi a origem de todo o livro para mim, veio de um quadro, de onde tirei o personagem. Mas nós descobrimos na época que havia já 4 livros chamados Sinphonie em blanc publicados na França. Então a editora me mandou uma lista de 10 títulos possíveis e acabamos escolhendo esse título. Embora eu goste mais do simbolismo do branco, eu também acho que o vermelho tem um simbolismo forte e não está dissociado da trama e não foi uma troca totalmente indesejável, totalmente ruim.

Esse romance é feito de memória e silêncios. Temas que você soube tratar de uma maneira delicada e profunda. Cada personagem guarda consigo uma história que nos é revelada pela intercalamento de fatos do presente com memórias, como uma sinfonia polifônica de tempos.

Eu gosto dessa estrutura porque eu acho que é mais ou menos como a nossa mente funciona, o nosso pensamento não é organizado e as coisas são um pouco caóticas e a nossa relação com o nosso próprio passado é assim também. Quando a gente quer se recordar de alguma coisa que aconteceu no passado raramente o pensamento virá organizado cronologicamente, a gente vai se lembrar de um detalhe ali, de uma cena aqui, e  eu decidi trabalhar com esse ritmo na minha literatura, porque eu acho que isto está mais próxima da forma que nossa mente funciona.

Nesse romance você explicou quase todos os segredos ao invés de apenas sugerir. Podemos adivinhar que a morte do pai não foi acidental e ainda assim você desvela em minúcia esse segredo, ou então a paternidade da filha de Maria Inês que pelos seus olhos claros já podíamos saber... Por que essa opção de esclarecer ao invés de sugerir?

É uma boa pergunta. Acho que era importante para mim no final do livro ter uma sensação de fechamento. Realmente fazer saber mais, algo que eu não fiz em outros livros. Eu acho que hoje em dia eu tendo mais a finais em aberto, coisas que se sugerem, encontros que podem se dar entre personagens, e você fica no final sem saber. Eu acho que nesse romance, depois de tudo o que acontecia ali,  era importante dar esse alinhave, esse fechamento final.

Um beijo de Colombina (2003) nasce de maneira original, como contrapartida a uma dissertação de mestrado. É uma homenagem à delicadeza e a singeleza de Manuel Bandeira. Os poemas de Manuel Bandeira puderam explicar muito de Teresa ao seu namorado e ajudar a matar as saudades. Como funciona a literatura nesse sentido para você?

Eu acho que a literatura não tem o sentido de explicar a vida,  mas a literatura serve para encontrar questionamentos semelhantes aos meus questionamentos. Mais que expliações, certos olhares sobre o mundo que são olhares que eu também procuro ter. A poesia de Manuel Bandeira me ensina muito, pois é voltada para detalhes que passam muitas vezes despercebidos, em coisas que nós não encontramos necessariamente beleza, enfim a poesia do Manuel Bandeira é revestida de beleza e interesse, então para mim. É uma relação que inspira muito a minha vida.

Essa história de afogamento, perda de uma amor, escrita de uma obra literária, me lembrou muito o caso de Aura Estrada, estudante mexicana de literatura da Universidade de Columbia. Ela morreu afogada no mar, depois de haver confidenciado ao seu namorado, o também escritor Francisco Goldman, que estava escrevendo uma história muito boa. Ela tinha mais de 1.000 textos arquivados que depois foram publicados, assim como foi criado um prêmio em seu nome. Você conhecia essa história?

Não eu não conhecia essa história. Muito interessante.

Há muitos casos secretos de família, como abusos sexuais, vingança, traição em seus livros. Esses temas eram obsessão de Nelson Rodrigues, mas tratados de outra maneira, com mais violência e crueza. Você o faz com mais silêncio e retrospecção. Quanto a vida real te inspira? Você lê os fatos mais escabrosos do jornal para transformá-los em história?

Normalmente não. Hoje em dia os fatos escabrosos dos jornais têm virado poesia. Eu escrevo poesia embora não tenha publicado. São tantos os fatos absurdos do jornal que eu acho que seria muito difícil de tratar de uma das muitas coisas que acontecem. E tampouco essas coisas vêm de experiências pessoais minhas, eu tive a sorte de não ter passado por esses dramas de família. Mas eu sei que as famílias causam problemas, todas elas, mesmo as mais saudáveis convivem com seus problemas e tudo mais. Claro que não radicais como os problemas que eu escrevi. No caso de Sinfonia em branco onde o problema aparece mais radical, eu estava grávida quando escrevi o livro, então eu estava extremamente preocupada com a questão da infância e de como a relação dos adultos com uma criança pode mudar para sempre a vida de uma criança, que quando adultas vão carregar para sempre essas marcas, por toda a vida. Eu estava realmente preocupada com isso, e foi aí que veio essa ideia dessa violência extrema na vida dessas duas meninas

Manuel Bandeira te levou a Bashô, que te levou ao Japão, e ao à casa de seu último discípulo que deu o título ao seu livro, Rakushisha. Como foi essa mudança de cultura, você pôde identificar traços da cultura brasileira no Japão? Alguma memória da imigração que ainda prevalece no Brasil e que se pode identificar nesse país?

Não, eu não vi no Japão, no curto período que etsive por lá, marcas da cultura brasileira. Fora os clichês, eu me lembro de estar na área rural do Japão, no meio do nada, e falei com uma senhora em uma loja, aliás ela aparece no livro, e falei no meu japonês super simples que era do Brasil. Ela imediatamente me disse: Ah! Brasil, carnaval, futebol. Então quer dizer, os clichês do Brasil que há em toda parte existe no Japão também. Ao contrário, a influência do Japão no Brasil existe muito mais em São Paulo do que no Rio de Janeiro, então talvez por isso eu tenha querido situar os personagens não em São Paulo, que seria óbvio, pela comunidade, mas no Rio. Apesar de eu ser do Rio e nunca ter tido próximo a cominidade japonesa, eu desenvolvi um interesse forte pela cultura e pela literatura japonesa. A literatura pode não seguir o caminho do óbvio, ela pode falar dos eventos mais periféricos.  

E você acompanha a literatura japonesa além da poesia, a prosa?

Acompanho, é claro que é muita coisa. Sempre tem sempre alguém me dizendo você deve ler tal ou tal livro. Li quase toda a obra do Mishima, que é um autor que eu acompanho muito. E atualmente eu estou lendo um autor muita da moda, o Haruki Murakami, um dos maiores pop stars literários do mundo. E coincidentemente estou lendo um livro dele nesse momento em tradução francesa, que se chama Kafka sur le rivage, que é super interessante. Eu tinha lido outros livros do Murakami que não gostei tanto, mas esse livro e eu estou gostando muito. E o prêmio Nobel, um dos prêmios Nobel, eu acho que o Japão tem mais de um prêmio Nobel de literatura, o Yasunari Kawabata, eu li bastante e de quem eu gosto muito. E como o Mishima ele teve uma morte trágica, ele se suicidou, é uma coisa bem, bem japonesa isso, na verdade.

Em seu romance mais recente, Azul Corvo (2010), você trata novamente de um período da história brasileira pouco discutido. Pode-se considerá-lo quase um tema tabu. Por exemplo, o governo Lula se negou a abrir alguns arquivos tão importantes e necessários para uma pesquisa historiográfica da diadura militar. De onde veio a vontade de escrever sobre a Guerrilha do Araguaia? Já no fim de Sinfonia em Branco há uma menção à ditadura militar e à uma família de exilados...

Bom, a minha geração é uma geração que nasceu na ditadura e teve um relação muito distante com a ditadura. Os nossos pais, os nossos irmãos mais velhos e viram a coisa acontecer ou foram omissos, ou escaparam ou eram críticos, mas eram críticos à distância por causa do medo que havia, obviamente. Mas a minha geração que foi para a escola depois da ditadura, durante os finais da ditadura, as coisas realmente não eram ditas, eram algunas episódios. Esse episódio da guerrilha do Araguaia, quando eu resolvi escrever Azul corvo e criar um personagem que era um exilado, me pareceu um pouco repetitivo falar de alguém que tivesse fugido da experiência da luta contra a ditadura na cidade. Esse é um tema que já escreveu bastante na literatura do Brasil e até onde eu saiba nunca se escreveu nada sobre a guerrilha do Araguaia. Eu mesma não sabia nada sobre esse tema, tinha uma vaga idéia que era um grupo de malucos comunistas que foram para a floresta e foram dizimados pelo exército. Nessa época, coincidentemente, estava saindo um estudo muito aprofundado, talvez um dos mais aprofundados, A operação Araguaia (Taís Moraes e Eumano Silva). Eu li o livro várias vezes, entrei em contato com a autora e ela me ajudou a esclarecer várias dúvidas que eu tinha. Pra mim foi um mundo, encontrar a historia da guerrilha, sobretudo saber que é uma história tão pouco conhecida da maioria dos brasileiros. Então houve uma vontade de trazer isso à publico, embora meus livros não sejam militantes, houve o meu interesse que talvez possa ser o interesse de outros brasileiros também.

Você escreveu um blog para um projeto da Companhia das Letras, o Amores Expressos, e nesse período você viveu em Paris. Você teve contato com muitos franceses? Te pergunto isso porque os vejo como um povo muito melancólico e silencioso, características que regem a maior parte de seus romances. Queria saber também desse tal livro, quais as modificações que você fez do projeto inicial e se há planos para sua publicação.

É uma longa história. Na verdade minha relação com a França é mais antiga. Eu morei na França durante um ano, quando eu tinha dezoito anos, mais como uma aventura, eu trabalhava com música na época, eu tocava musica brasileira na noite e tal. Depois desse ano voltei pro Brasil. E minha relação com a França eu nunca vi esse detalhe que você evantou, do silêncio, eu acho que não vem necessariamente de uma relação com a França, eu acho que vem até mais com a minha relação com o Japão, com a poesia, o haikai, poesia muito silenciosa, muito breve e muito sucinta. É muito mais importante ali o que não é dito do que efetivamente do que é dito. O projeto amores expressos pode-se dizer que deu certo em parte, porque alguns já foram publicados, acho que menos da metade. No meu caso, o que aconteceu, foi que eu escrevei meu livro sobre Paris, não sei se totalmente satisfeita com ele, mas escrevi e a editora me chamou para conversar sobre o livro, dando sugestões, e eu acho realmente que o livro precisa de modificações, mas eu estava justamente na época trabalhando no Azul Corvo e eu não queria interromper. Depois do Azul Corvo veio outro projeto e os projetos vão se acumulando e eu não consegui parar para reler esse livro de Paris que é uma coisa que eu gostaria de fazer para que o livro possa sair. Ou pela coleção ou por outra editora, mas que eu possa publicar esse texto de algum modo.

De qual autor você leu tudo ou quase tudo e qual o motivo do interesse que ele despertou em você?

Há vários, mas eu gostaria de citar o José Saramago, pois há uma relação muito especial entre mim, minha obra e a obra dele. Saramago é um autor de quem li praticamente tudo, embora tenha meus preferidos, sobretudo os livros da década de 80: Jangada de pedra, O ano da morte de Ricardo Reis, Memorial do Convento. E além disso o fato de eu ter recebido o prêmio criado em homenagem a ele, a oportunidade de ter conhecido o Saramago pessoalmente, fiquei meio deslumbrada, não sabia o que falar, e que foi um prêmio que abriu muitas portas para mim: o fato de ter sido Portugal, um país europeu, fiz o contato com a minha agente, as traduções para outros países europeus. Não só a obra, mas a pessoa do Saramago, o compromisso ético e político também, eu acho que tudo isso é emblemático para mim. Há muitos autores de quem eu gosto muito, mas gostaria de citar nessa ocasião José Saramago.

E um livro fundamental em sua formação?

Grande Sertão Veredas, do Guimarães

Que personagens são inesquecíveis na sua imaginação de leitora?

Já que falamos em Grande Sertão, Riobaldo e Diadorim. Memorial do Convento, Baltasar e Blimunda. Posso ficar com esses quatro?  

Qual a importância ou a relação da música na sua escrita?

Minha relação com a música sempre foi muito forte, eu me formei em música e trabalhei com música muitos anos, uns 10 anos. Eu gosto da ideia da sonoridade do texto, embora goste também da ideia da visualidade também. E eu acho que existe também uma relação com a poesia que tem muito de som, todas as palavras são escolhidas pelo som e pela música no verso. E eu faço isso na minha prosa também, muitas vezes eu acho que certa palavra soa interessante. Existe uma presença da música real, é como se o trabalho de composição literário fosse um trabalho de composição musical.

Traduction française

Adriana Lisboa est une des auteures les plus en vue au Brésil. Après avoir remporté le prix José Saramago pour son livre Symphonie en Blanc, elle a gagné une visibilité internationale et son œuvre a été traduite dans différents pays, dont la France, où s'achève la publication de ce même roman, sous le titre Des roses rouge vif. Lisboa est née en pleine dictature militaire, et l'écrivaine, qui est aussi musicienne, s'est inspiré de l'œuvre de divers auteurs pour écrire ses livres, dans une sorte d'hommage. L'inspiration musicale est présente dans la polyphonie de son écriture, entre passé et présent, où la mémoire tient un rôle fondamental. L'auteure a participé au festival littéraire Belles Latinas, qui s'est tenu dans la ville de Lyon, du 3 au 14 novembre. L'entretien a eu lieu après une table ronde sur la littérature jeunesse, un domaine dans lequel Adriana exerce aussi sa plume. 

Dans votre premier livre, Os fios da memória (1999), vous avez choisi de raconter, au travers de la famille Brésil, les détails d'une société coloniale. Ces personnages nous permettent de découvrir une dimension de ce monde autrefois cachée par les grands événements de l'histoire. Ce sont dans les fissures du quotidien que se dessine l'histoire. Votre objectif a-t-il été de reconstruire une partie de l'histoire du Brésil à travers le portrait de cette famille ?

C'est exactement cela. Mon premier roman tient un peu de mégalomanie. À la manière de Cent ans de solitude, de Garcia Marquez, il s'agit de raconter l'histoire d'une famille qui tracerait un parallèle avec l'histoire du Brésil de ces cent dernières années. Ça a commencé avec une histoire familiale, avec mes ancêtres qui travaillèrent dans une exploitation de café dans l'état du Rio, j'ai grandi en voyant ces exploitations, complètement décadentes de nos jours, et qui furent très importantes à l'époque, et tout cela est entré dans mon livre, et il m'a paru un peu évident de donner comme nom à cette famille celui de famille Brésil, à cause de ce parallèle qui saute aux yeux.

Je ne sais pas quel est votre relation avec la littérature de langue portugaise. Mais La nation créole d'Agualusa, reprend également des lettres pour parles des détails d'une histoire occultée, voir même oubliée, par des événements majeurs. En tant que pays colonisés, nous avons ce besoin de comprendre certaines choses. C'est le cas en Angola et au Mozambique, les écrivains aussi luttent pour la question de la mémoire et de la nécessité de sa construction.

J'ai fini d'écrire mon dernier roman Azul Corvo (Bleu corbeau) qui vient de sortir au Brésil. C'est un roman qui, en toile de fond, reconstruit un épisode qui est peu exploré et qui fait partie d'une histoire récente du Brésil : la guerilla du Araguaia. Une guerilla communiste menée jusqu'à la jungle, lorsqu'elle en était encore une, à la fin des années 60, début des années 70 et qui fût décimée en pleine végétation. C'est un épisode de notre histoire dont on parle peu, c'est un fait qui n'est pas enseigné à l'école qui renferme encore beaucoup de non-dits, de secrets et d'éléments dont, encore aujourd'hui, il nous est interdit de parler, puisqu'il fait partie des dossiers secrets de l'armée brésilienne, ceci constitue une trame parallèle de ce dernier roman.

En 2001 a été publié un de vos meilleurs romans, Symphonie en Blanc (en français : Des roses rouge vifs), qui vient d'être traduit en français par les éditions Métaillé. J'ai pu voir que vous avez suivi l'évolution de la traduction de votre roman aux États-Unis, et que 15% du livre l'on avait supprimé, considérant que certains passages n'étaient pas indispensables. Avez-vous suivi l'évolution de la traduction française ?  

Non, je n'ai pas pu suivre l'évolution de la traduction française, même si j'aurais aimé le faire. Même si je n'ai pas lu la totalité de la traduction, les passages que j'ai pu lire étaient bien traduits. Je pense qu'il y a moins de problèmes pour passer du portugais au français, étant donnée la proximité de ces deux langues. Il se trouve que les traductions d'une langue latine à l'anglais, et il me semble que c'est aussi le cas de l'allemand, sont parfois d'une qualité moyenne. Pour eux, notre écriture semble très hyperbolique, voire baroque. C'est pourquoi cet éditeur « interventionniste », l'américain, est trop intervenu, et dans le cas de ce livre, il a subi quelques sélections assez dramatiques.  

Le titre du livre en français reprend le titre d'un des plus beaux chapitres du livre, Des roses rouge vif. Cependant il y a un changement de couleur, du blanc au rouge, des couleurs qui ont un fort symbolisme. Est-ce que vous étiez d'accord pour ce changement ou savez-vous pourquoi ils n'ont pas gardé le titre original ?

Le titre original est très important, puisque c'est un tableau qui est à l'origine du livre et de son personnage central. Néanmoins, à l'époque on a découvert qu'il y avait déjà quatre livres qui portaient ce titre, Symphonie en blanc. Alors la maison d'édition m'a contacté et envoyé la liste de dix possibles titres et on a fini par choisir celui-là. Même si j'aime le symbolisme du blanc, je trouve que le rouge en a aussi un très fort. Il n'est pas détaché de l'histoire et ce n'était pas un changement totalement indésirable ou mauvais.

Ce roman est fait de souvenirs et de silences, des sujets que vous avez su traiter de manière délicate et profonde. Chaque personnage garde en soi une histoire qui nous est donnée par un enchevêtrement de faits du présent et des souvenirs, comme si c'était une symphonie de temps polyphoniques.

J'aime cette structure parce que je trouve que c'est plus ou moins la façon dont notre esprit fonctionne. Notre pensée n'est pas organisée et les choses sont toujours un peu chaotiques,  c'est aussi le cas avec notre passé. Quand on veut se rappeler quelque chose qui s'est passé, la pensée ne viendra pas forcement organisée chronologiquement, on se rappellera un détail ici, une scène plus loin, et j'ai décidé de travailler avec ce rythme dans ma littérature, parce que cela est le plus proche du fonctionnement de notre esprit.

Dans ce roman vous avez expliqué les secrets au lieu de simplement les suggérer. On peut deviner que la mort du père n'a pas été accidentelle et de même vous nous racontez minutieusement ce secret, ainsi que la paternité de la fille de Maria Inès, que l'on pourrait déjà avoir devinée par ses yeux clairs ... Pourquoi ce choix d'éclaircir au lieu de suggérer ?   

C'est une bonne question. Je crois que c'était important pour moi d'avoir à la fin du livre la sensation d'une clôture. Vraiment faire que les lecteurs en sachent plus, chose que je n'ai pas faite auparavant dans les autres romans. Je crois qu'aujourd'hui je préfère le choix d'une fin ouverte, suggérer les choses, les rencontres qui peuvent avoir entre les personnages, et à la fin vous ne savez pas ce qui va se passer. Je crois que dans ce roman, après tout ce qui se passe, c'était important de mettre au clair quelques aspects.

Um beijo de Colombina (2003) naît d'une façon originale, c'est la contrepartie de votre master. C'est un hommage à la délicatesse et à la simplicité de Manuel Bandeira. Les poèmes de Bandeira ont pu expliquer beaucoup de choses à propos de Teresa à son copain et l'aide à ce qu'elle ne lui manque pas trop. Comment est-ce que la littérature fonctionne, dans ce sens, pour vous ?

Je pense que la littérature n'a pas pour vocation d'expliquer la vie, mais la littérature sert à trouver des questionnements similaires aux miens. Plus que des explications, ce sont certains regards sur le monde qui sont les regards que je cherche. La poésie de Manuel Bandeira m'enseigne beaucoup de choses car elle est un retour à des détails passant fréquemment inaperçus, en des choses en lesquelles nous ne trouvons pas nécessairement de beauté. Enfin la poésie de Manuel Bandeira est revêtue de beauté et d'intérêt. Sa poésie inspire beaucoup ma vie.

Manuel Bandeira vous a amené à Bashô, qui vous a amené au Japon, et celui-ci chez votre dernier disciple qui a donné son nom à votre dernier livre, Rakushisha. Comment s'est passé ce changement de culture, vous voyez des aspects de la culture brésilienne au Japon ? Une certaine mémoire de l'immigration qui prévaut, aujourd'hui encore au Brésil et qui peut être remarquée dans ce pays ?

Non, je n'ai pas vu au Japon, pour le peu de temps où j'y suis resté, de marques de la culture brésilienne, à part quelques clichés. Je me rappelle, lorsque j'étais dans une zone rurale du Japon, au milieu de nulle part, avoir parlé avec une dame dans une boutique, d'ailleurs elle apparaît dans le livre, et je parlais avec mon japonais très basique que j'avais appris au Brésil. Immédiatement, elle me dit : Ah ! Le Brésil, carnaval, football. C'est à dire tous les clichés qu'a le monde entier, y compris le Japon, sur le Brésil. Pourtant, l'influence du Japon au Brésil est beaucoup plus présente à Sao Paulo qu'à Rio de Janeiro, c'est peut être pour ça que je n'ai pas voulu situer mes personnages à Sao Paulo, comme cela aurait été logique pour la communauté, mais à Rio de Janeiro. Bien que je sois de Rio et que je n'aie jamais été très proche de la communauté japonaise, j'ai développé un fort intérêt pour la culture et  pour la littérature japonaise. La littérature peut ne pas suivre le chemin de l'évidence, et parler d'événements plus marginaux.  

Il y a de nombreux exemples de secrets de famille, comme des abus sexuels, des vengeances, des trahisons dans vos livres. Tous ces thèmes étaient l'obsession de Nelson Rodrigues, mais traités d'une manière différente, avec plus de violence et de cruauté. Vous le faites avec plus de silence et de façon rétrospective. Quand la vie réelle est-elle une source d'inspiration ? Lisez-vous les faits-divers les plus sordides du journal pour les transformer en histoire ?

Normalement non. De nos jours, les fait-divers sordides des journaux se sont transformés en poésie. J'écris de la poésie, que je n'ai pas encore publiée. Les faits-divers absurdes du journal sont si nombreux que je trouve très difficile de traiter un seul des multiples événements qui ont eu lieu. Et même si ces choses viennent de mes expériences personnelles, j'ai eu la chance de ne pas être passée par ces drames de famille. Mais je sais que les familles sont sources de problèmes, toutes les familles, même les plus saines vivent avec leurs problèmes et le reste. Bien évidemment, ceux-ci ne sont pas aussi radicaux que les problèmes que j'ai décrits. Dans le cas de Symphonie en blanc où le problème semble être le plus radical, j'étais malade lorsque j'écrivis le livre, et de fait j'étais extrêmement préoccupée par la question de l'enfance et de la façon dont la relation entre adultes et enfants peut changer la vie de ces derniers pour toujours, alors qu'ils vont porter ces marques jusqu'au bout quand ils seront adultes, pour toute leur vie. J'étais vraiment préoccupée par ce problème, et c'est de là qu'est venue l'idée de cette violence extrême dans la vie de ces deux filles.

Vous avez écrit un blog pour un projet, qui s'apelle Amores Expressos, de la maison d'édition brésilienne Companhia das Letras. Pendant cette période vous avez vécu à Paris. Est-ce que vous avez pu cohabiter avec les français ? Je vous demande cela simplement parce que je les vois comme un peuple très mélancolique et silencieux, caractéristiques qui sont présentes toute au long de vos romans. Je voudrais aussi savoir certaines choses à propos de ce livre : les modifications que vous avez faites après le projet initial et s'il y a des plans pour son publication.   

C'est une longue histoire. En réalité ma relation avec la France est plus ancienne. J'ai habité en France pendant un an, à l'âge de dix-huit ans, mais comme une aventure, je faisais de la musique à l'époque, je jouais de la musique brésilienne le soir et tout ça... Après cette année je suis revenu au Brésil. Dans ma relation à la France je n'ai jamais vu ce détail que vous avez soulevé, concernant le silence ; je crois que ça ne vient pas nécessairement de ma relation à la France, je crois que ça vient plus de ma relation au Japon, à sa poésie, le Haikai, poésie très silencieuse, très brêve et très succinte. Ce qui n'est pas dit est beaucoup plus important que ce qui est dit.

On peut dire que le projet amores expressos a fonctionné en partie, parce que quelques uns ont déjà été publiés, un peu moins de la moitié je crois. Ce qui s'est passé, dans mon cas, c'est que j'ai écrit mon livre sur Paris, je ne sais pas si je suis totalement satisfait de lui, mais enfin je l'ai écrit et l'éditrice m'a appelé pour discuter du livre, donnant des suggestions, et je pense réellement que le livre a besoin de modifications, mais à l'époque j'étais justement en train de travailler Azul corvo et je ne voulais pas m'interrompre. Après Azul corvo est arrivé un autre projet, les projets se sont accumulés et je n'ai pas réussi à relire ce livre sur Paris qui est quelque chose que j'aimerais faire pour qu'il puisse sortir. Que ce soit par la collection ou par un autre éditeur, mais que je puisse publier ce livre d'une manière ou d'une autre. 

Dans votre dernier roman, Azul Corvo (2010), vous abordez de nouveau une période de l'histoire brésilienne peu étudiée. On peut le considérer comme un sujet presque tabou. Par exemple, le gouvernement Lula a refusé d'ouvrir de nouvelles archives si importantes et nécessaires pour une enquête historiographique sur la dictature militaire. D'où vous est venue la volonté d'écrire sur la Guérilla de l'Araguaia ? Déjà à la fin de Symphonie en blanc on trouve une mention de la dictature militaire et d'une famille d'exilés...

En fait, ma génération est une génération qui est née sous la dictature et qui a eu une relation très distante avec elle. Nos parents, nos frères qui sont plus vieux et ont vu la chose arriver, ou ont été forcés au silence, ou bien ils se sont enfuis, ou ils étaient critiques, mais ils étaient critiques de loin à cause de la peur qui reignait bien sûr. Quant à ma génération qui est allée à l'école après la dictature, dans les dernières années de la dictature, on ne disait pas vraiment les choses, juste quelques épisodes. Cet épisode de la guérilla de l'Araguaia, quand je décidai d'écrire Corbeau bleu et de créer un personnage qui était un exilé, il m'a semblé un peu répétitif de parler de quelqu'un qui avait fui l'expérience de la lutte contre la dictature en ville. C'est un thème sur lequel on a déjà beaucoup écrit dans la littérature brésilienne, et à ce que je sache, on n'a jamais rien écrit sur la guérilla de l'Araguaia. Moi-même je ne savais rien à ce sujet, j'avais la vague idée qu'il s'agissait d'un groupe de fous communistes qui s'enfuirent dans la forêt et qui furent tués par l'armée. A cette époque, par pure coïncidence, sortait une étude très approfondie, peut-être l'une des plus approfondies, L'opération Araguaia (Taís Moraes et Eumano Silva). J'ai lu le livre plusieurs fois, j'ai pris contact avec l'auteur et elle m'a aidé à éclaircir certains doutes que j'avais. Pour moi ce fut tout un monde, rencontrer l'histoire de la guérilla, surtout savoir que c'est une histoire si peu connue de la majorité des brésiliens. Alors j'ai eu très envie de la rendre publique, bien que mes livres ne soient pas militants, j'ai ressenti cet intérêt qui pourrait peut-être être celui d'autres brésiliens aussi.  

De quel auteur avez-vous tout lu ou presque tout et quel intérêt a-t-il éveillé en vous ?

Il y en a plusieurs, mais je voudrais citer José Saramago parce qu'il y a une relation très spéciale entre moi, mon œuvre et son œuvre. Saramago est un auteur dont j'ai pratiquement tout lu, bien que j'aie mes préférés, surtout les livres des années 80 : Jangada de pedra, O ano morte de Ricardo Reis, Memorial do convento. Et en plus de ça le fait d'avoir reçu le prix créé en son hommage, la chance d'avoir connu Saramago personnellement, j'en été un peu ébloui, je ne savais que dire, et ça a été un prix très important pour moi, qui m'a ouvert des portes : le fait que c'était au Portugal, un pays européen, j'ai rencontré mon agent, j'ai fait des traductions pour d'autres pays européens. Je pense que ce n'est pas seulement l'œuvre de Saramago, mais aussi sa personne, ses engagements éthiques et politiques, qui sont emblématique pour moi. Il y a beaucoup d'autres auteurs que j'aime beaucoup, mais je voulais mentionner Saramago dans cette occasion.

Et un livre fondamental dans votre formation ?

Grande Sertão Veredas, de Guimarães.

Quels personnages sont inoubliables pour votre imagination de lecteur ?

Puisqu'on parle de Grande Sertao, Riobaldo et Diadorim. Dans Memorial do Convento, Baltasar et Blimunda. Je peux m'en tenir à ces quatre ?

Quelle est l'importance ou votre relation à la musique dans vos écrits ?

Ma relation à la musique a toujours été très forte, je me suis formé en musique et j'ai travaillé dans la musique pendant une dizaine d'année. J'aime l'idée de la sonorité du texte, même si j'aime aussi sa visualité. Et je pense qu'il existe aussi une relation avec la poésie, qui tient beaucoup du son, tous les mots sont choisis dans le vers pour le son et pour la musique. Je fais cela aussi dans ma prose : il arrive souvent que je trouve que tel mot sonne de manière intéressante. Il y a une réelle présence de la musique, c'est comme si le travail de composition littéraire était un travail de composition musicale.

Cet entretien a été traduit avec l'aide précieuse de Edgar Henssien, Elsa Crousier, Julie Raveleau, Matthieu Binder et Octavie Paris (élèves de l'ENS de Lyon)

 

 

 

 

Pour citer cette ressource :

Fernanda Salomão Vilar, "Belles Latinas 2011 - Adriana Lisboa", La Clé des Langues [en ligne], Lyon, ENS de LYON/DGESCO (ISSN 2107-7029), janvier 2012. Consulté le 24/04/2024. URL: https://cle.ens-lyon.fr/espagnol/contributeurs/archives/belles-latinas-2011-adriana-lisboa